terça-feira, 12 de setembro de 2017

Capítulo 3 - Abrigo Caridade E Luz

Postos de Socorro - disse Raimundo - são locais em que os espíritos socorridos têm permanência transitória, são amparados e orientados, têm liberdade de escolher o caminho a seguir. Se adaptados à nova vida e despertos a crescer, vão estudar nas Colônias de que necessitam. Se ficam inconformados e revoltados, retornam ao lugar de onde vieram. Esses Postos também são chamados de casas, mansões, abrigos, Colônias etc. São locais menores de socorro na crosta e no Umbral. Podem ser grandes, médios ou pequenos. 

Não são cidades, embora haja algumas que têm todas as repartições de uma.

- Têm também quem os administre? - Quis saber Ilda.


- Certamente. Nos Postos, reina a harmonia e a disciplina. Há uma pessoa responsável e um grupo de orientadores que auxiliam nessa administração.


- As casas transitórias, ou rotatórias, ou giratórias, são Postos de Socorro? - Indagou Luís.


- Sim, esses abrigos localizados dentro do Umbral locomovem-se, conforme as necessidades, para
outros locais dentro do próprio Umbral. São Postos de Socorro.


- Que são realmente os Postos de Socorro? 


- Indagou Luíza.

- São abrigos temporários, onde ficam hospedados os irmãos necessitados e onde eles são tratados
com todo carinho em suas enfermidades e necessidades. Depois, esses irmãos são conduzidos às Colônias.


Porém muitos deles ficam, quando sadios, nos Postos servindo à comunidade que os abrigou.


Indagamos muito, vimos filmes diversos sobre Postos de Socorro. Chegou a hora de visitá-los.


Frederico nos apresentou um chinês chamado In-AI-Chin. Este é um amigo que nos acompanhará
todas as vezes que sairmos em excursões.


Ficamos quietos, mas as indagações ferviam em nossos cérebros; Zé não agüentou e perguntou:


-Por quê? Há algum motivo para termos tão agradável companhia?


O chinês sorriu suavemente, e Frederico respondeu:


- Nunca houve nessas excursões de estudo um acidente desagradável. Tem razão, Zé, há um motivo para este companheiro estar conosco, Temos em nosso meio Patrícia, que, quando encarnada, foi Espírita, e seu pai é um doutrinador, dirigente de um Centro Espírita. Como todo aquele que acende a Luz incomoda os irmãos ignorantes das trevas, por cautela, In-AI-Chin nos acompanhará. Nosso amigo trabalha na equipe de desencarnados deste Centro Espírita, é muito experiente. Nutre muito carinho por Patrícia e trabalhou espiritualmente ao lado dela, quando estava encarnada. Querendo vê-la sempre bem, fará companhia a ela e a nós todos nas excursões que serão para Patrícia as primeiras.


A mãe de Patrícia teme represálias a ela pelo trabalho que seu pai faz; ela pediu e, para tranqüilizá-la, foi atendida por este amigo que fará parte de nossa equipe.

Pensei: ”Tomara que não fique como minha ama-seca”. In-AI-Chin sorriu de forma encantadora e
disse:


- Espero não ser importuno. Meu objetivo é ajudar e aprender. Embora tenha vindo para estar perto de
Flor Azul de Patrícia, quero ser amigo de todos.


Fiquei vermelha. A turma gostou da idéia dele. 


Rodearam-no. In-AI-Chin é sereno, doce, estatura
média, veste uma túnica clara e um gorro. Muitos espíritos gostam de continuar vestindo-se como faziam quando encarnados. Nunca vi um espírito esclarecido com roupas extravagantes. São simples, vestem-se como gostam. Espíritos orientais vestem-se normalmente com túnicas, ou seja, como se vestiam quando encarnados. É como gostam de estar. In-AI-Chin sorri sempre, demonstrando muita tranqüilidade e felicidade. Dirigia-se a mim só como Flor Azul de Patrícia. E Zé indagou:


- Por que a chama de Flor Azul de Patrícia?


- Porque tem os olhos mais azuis que já vi, também porque são doces e tranqüilos, como duas flores a
enfeitar quem a olha. Como seu nome é de difícil pronúncia e como só se dirigia a mim assim, nós o
apelidamos de Flor Azul, cognome que o deixou contente. Ele disse:


- Nada mais bonito que ser comparado com uma flor!


O primeiro Posto que visitamos fica no Umbral mais ameno. Fomos de aerobus. Vimos pedaços do
Umbral, que descreverei quando formos visitá-lo. O que sabia dos Postos e o que vi na aula teórica deixaram-me curiosa em saber como é esta parte do plano espiritual. Um portão grande e pesado foi aberto, entramos. D. Isaura exclamou, comovida:


- Estamos no Abrigo Caridade e Luz!


O aerobus parou no pátio, descemos. O abrigo parece um ponto de luz, de claridade, na neblina escura do Umbral. É um ponto de amor! O Posto tem forma arredondada, no centro há uma praça com um lindo chafariz. Possui muitas árvores e flores parecidas com as que existem na Terra. Na entrada, logo depois do portão, vemos canteiros de rosas coloridas muito bonitas. Por todo o Posto há vasos grandes com florezinhas perfumadas e delicadas, vermelhas. Lindas!


E cercado por altos e fortes muros e tem um excelente sistema de defesa. Nair, vendo tudo, exclamou:


- Este Posto deve incomodar. Não pode ser bem visto por aqui. Raimundo sorriu e nos esclareceu:


- Nós, os que caminhamos no bem, não atacamos irmão nenhum, nem suas cidades ou abrigos. Os
ignorantes trevosos nos atacam e, se pudessem, destruiriam este abrigo e todos os Postos de Socorro. Sim, incomodamos. A maioria dos moradores do Umbral não quer socorro por aqui.


A diretora do abrigo veio nos receber com muito carinho. Conversávamos contentes, quando se
aproximou de mim um trabalhador do Posto.


- Você é Patrícia, a filha do Senhor José Carlos?
- Sou.


Sem que eu esperasse, tomou minha mão, beijou-a e me entregou um buquê de flores.


- Muito devo a seu pai. Agradeço a ele por seu intermédio. Obrigado! Pensei em ajudá-la, mas como não necessita de ajuda aceite este presente.


Fiquei sem jeito, e por momentos não soube o que fazer. Todos observavam a cena. Rápido pensei no
que meu pai faria diante deste acontecimento. Sorri e o abracei.


- Que bom ver amigos aqui! Como está o senhor?


- Agora bem, graças a Deus. Trabalho aqui - disse com orgulho -, isto devo a Deus e a seu pai. Fui
socorrido e orientado por ele.


- Alegro-me em saber.


O senhor ficou emocionado, enxugou as lágrimas e se afastou. D. Isaura aproximou-se e disse:


- Não se acanhe, Patrícia. É comovente ver pessoas gratas. Quem faz, para si faz. Seu pai o ajudou
sem esperar recompensa. Mas ele, esse trabalhador, aprendeu bem e é grato. Ficou feliz em vê-la e em poder agradecer. Agiu certo, filha, devemos ser gratos e receber com carinho as gratidões!


Um trabalhador mostrou-nos o alojamento. Iríamos ficar hospedados por três dias e não sairíamos do
Posto.


Acomodaram dois em cada quarto. Fiquei com Nair. Esta amiga é curiosa e observadora, revirou o
quarto.


- Esta cama é sua, esta é minha. Será que iremos dormir mesmo?


- Como nos foi dito, aqui talvez necessitemos de descanso, porque neste trabalho doa-se muita
energia.


O quarto era simples, sem enfeites, com a janela dando para o pátio e possuía banheiro, pois às vezes, quando nos alimentávamos, tínhamos necessidade de usá-lo.


Fomos chamados para conhecer a parte externa do abrigo. É todo pintado de branco, suas janelas têm
formato das janelas antigas, são grandes e trabalhadas. No Umbral, fora do abrigo, a temperatura estava fria; no Posto estava amena, agradável. Há um sistema parecido com um aquecedor central que controla a temperatura ambiente, isto para que seus abrigados não sintam frio ou calor. Nós não sentimos as mudanças da temperatura, porque aprendemos a nos controlar.


Para os que sabem, a temperatura está sempre amena.

Andando pelo Posto, parece que estamos dentro de uma grande construção com seus prédios separados por pequenos pátios. Fomos à torre da guarda. 


Leonel, um rapaz que estava no controle, mostrou-nos tudo.

O sistema é perfeito.

Pelos aparelhos da torre eles sabem quem se aproxima do Posto. Tudo é televisionado, Da torre
controla-se todo o sistema de defesa.


- O abrigo recebe muitos ataques? - Indaguei.


- Uma média de três por mês - Leonel respondeu atencioso. - Já ficou com medo de algum? 


- Perguntou Zé.

- Há seis meses, reuniram-se em um grupo grande do Umbral e nos atacaram com força total.


Cercaram-nos e tivemos que colocar todos os nossos lança-raios em ação. O pessoal do abrigo concentrou-se em oração. Receei por momentos e achei que teríamos que pedir auxílio a outros Postos. Mas tudo deu certo, não conseguiram nem se aproximar muito do abrigo.


- Você fica aqui o tempo todo? - Quis saber Luíza.


- Fazemos horário de rodízio. Amo esta torre,
- Tudo aqui parece complicado - disse Luís.


- Não, tudo é simples, embora perfeito.


Há uma tela, parecida com televisão, que mostra todo o muro.


- Aqui - mostrou Leonel -, por este aparelho vejo quem se aproxima do abrigo, a três quilômetros.


- Que faz quando está sendo atacado? - Indagou Glória.


- Primeiro dou o alerta ao abrigo, depois coloco em funcionamento os aparelhos de defesa que atiram
cargas elétricas.


- E isto? Que tem aqui? - Perguntou Luís, mostrando alguns objetos pequenos diante de uma televisão ligada à imagem de um senhor lendo o Evangelho.


- Isto é espionagem - Leonel respondeu sorrindo. 


- Alguns irmãos trevosos, curiosos para saber o que
se passa e como é aqui, colocam em irmãos que serão socorridos estes aparelhos de escuta, como botões, anéis, cintos, amuletos etc. Observem bem.


Observamos sem pegar.


Que incrível! - Exclamou Glória.


Apreendemos estes apetrechos e os colocamos na frente desta televisão. Está sintonizada num canal
em que se lêem os Evangelhos diariamente. Os escutas ouvirão um pouco do que tem o livro e verão somente o que se passa na televisão. 


Conhecia este canal, é de uma esfera superior onde lêem e explicam o Evangelho; é bastante visto por toda a Colônia. Mas as perguntas continuaram. Cida indagou:

- Não é possível ficarem alguns destes aparelhos nos socorridos?


- Não, porque eles trocam de roupas e são banhados aqui, mas, se ficar, nada verão que possa
interessá-los.


Saí da torre muito confiante. No pátio, dividimos o grupo em três partes com dez componentes mais
um instrutor e fomos às enfermarias. Visitamos os abrigados já melhorando. Pensei comigo: ”Estão tão ruins que nem posso imaginar os piores”.


Homens e mulheres pareciam fantasmas de filme de terror. Apiedamo-nos. Magros, olhos saltados e
gemendo.


Seus ais eram de cortar o coração.


Tentei ficar alegre ao me aproximar deles. Pensei que, ao observá-los bem, iria ler seus pensamentos,
como havia lido nos livros de André Luiz, quando encarnada. Não consegui nada, e perguntei o porquê a Frederico, - Patrícia - ele me respondeu -, isto é para quem sabe, quem trabalhou anos com irmãos neste estado. Logo mais terão aulas no curso e aprenderão um pouco sobre o assunto.


Alimentamos e limpamos os abrigados.


Conversamos com eles, alguns respondiam, explicavam como estavam, uns falavam de suas desencarnações.

Normalmente gostam de falar de si, de queixar-se.

Um senhor tristonho disse que fora alegre mas imprudente, cometeu erros, sofreu muito ao desencarnar e ficou triste.

Dávamos passes, orávamos para cada um que visitávamos. A maioria parecia alheia; os nervosos se acalmavam depois do passe.


Alguns não entendiam nada do que viam e indagavam o que se passava, outros respondiam com monossílabos às indagações. Quando acabamos, estávamos cansados. Fomos para os quartos. Tomei banho e fomos para o salão de refeições, onde nos alimentamos com frutas e sucos.


Escurecia. Fomos convidados a ir ao salão de música. O local é muito bonito, com lindos quadros, vasos de flores, cadeiras confortáveis. Raimundo explicou:


- Nesta sala temos televisão, cinema, instrumentos musicais. É o local onde se reúnem os
trabalhadores e os convidados para edificantes palestras. Maria e Tobias, dois trabalhadores do Posto, nos brindaram com lindas melodias, ela ao piano, ele ao violino.


Marcela, nossa colega, cantou duas canções. 


Passamos horas agradáveis.

Todo o Posto é iluminado com luz artificial, e mesmo durante o dia há luzes acesas dentro dos
prédios, menos nos pátios que só têm as luzes acesas ao entardecer. À noite, o Posto é bem iluminado.


Saímos para o pátio. Vimos o céu quase como os encarnados, só que com mais neblina, a luz da lua é fraca.


O perfume das flores, principalmente das vermelhinhas, invade os pátios.


Fomos repousar, estava cansada e dormi por cinco horas. De madrugada fomos acordados, tomamos
uma refeição e visitamos o restante do Caridade e Luz.


- Oi, turma! - Disse Zé, que levantou atrasado. 


- Há tempo não durmo tanto.

- Quando desprendemos energias e não estamos acostumados, necessitamos repô-las - esclareceu D.
Isaura.


O Posto tem uma bonita e bem-arrumada biblioteca, que contém vasta literatura espírita. Os bons livros dos encarnados ali têm suas cópias. É bem freqüentada pelos trabalhadores e os abrigados em recuperação. 


Ao lado da biblioteca está a sala de orações. Lugar discreto e muito bonito, não é grande, mas aconchegante; também possui cadeiras confortáveis e vasos floridos. Ali os abrigados em recuperação vão orar. Os trabalhadores também gostam de freqüentar a sala.

É tranqüila, tem muitos fluidos energéticos. Sente-se muita paz lá dentro.


O amanhecer no Posto é bonito, o sol aparece entre as nuvens, clareando os pátios e jardins.


Fomos às enfermarias. Visitamos os irmãos, que dormiam em pesadelos. Ah, como a colheita é
obrigatória!


Vendo-os, enchemo-nos de compaixão, pois sabíamos que todos ali estavam daquele modo por
imprudência, por muitos erros. Passamos horas nas enfermarias. Ver tantos irmãos em sofrimento me
entristeceu. Embora sabendo que nada é injusto, tivemos vontade de recuperar todos. Mas isso é impossível, pois a recuperação é lenta, ajudamos poucos.


Demos passes, acomodamos, demos água, fizemos círculos de orações. Só dois despertaram e foram levados para outra enfermaria. Acordam assustados, muitos temem e choram.

Estava cansada. Depois fomos para o quarto, onde tomei banho, alimentei-me, fiz exercícios de
respiração e relaxamento. Iríamos partir na manhã seguinte. A turma se reuniria à noite para ver um filme e ouvir uma palestra.


Pedi para descansar; foram muitos os da turma que também pediram. Aqueles irmãos sofridos não me
saíam do pensamento. Fiquei revendo tudo como num filme. Os instrutores permaneciam sempre conosco e eram os que mais trabalhavam, estavam sempre prontos a nos esclarecer sobre qualquer dúvida.


Flor Azul,,sempre tranqüilo, ajudava os enfermos com muito carinho. Depois de orar, Nair e eu fomos dormir.

Dormir desencarnada é como adormecer encarnada. Quando se está encarnado, o corpo descansa,
desencarnado é o perispírito que descansa, e refazemos as energias. Logo depois deste curso, nunca mais dormi. É ótimo ter muito tempo.


Acordei refeita. Partimos sem nos despedir, porque voltaríamos outras vezes e ali ficaríamos
hospedados, enquanto visitássemos os Postos da Terra. 


Fomos de aerobus até a crosta. Ver o sol sem neblina é bem mais agradável, respiramos aliviados.

Visitaríamos os Postos de Socorro existentes para os encarnados daquela região. Nas cidades da Terra há muitos Postos de Socorro pequenos, e assim também nos Centros Espíritas; esses Postos são verdadeiros pontos de amor e auxílio.


Visitamo-los por horas. Ajudamos, cuidando de seus enfermos e dos recém-desencarnados. A maioria dos recém-desencarnados socorridos fica nos Postos por algum tempo, depois ou eles são levados para serem doutrinados nas reuniões dos Centros Espíritas ou vão para outros locais e são transportados para Postos maiores ou Colônias.


Os que ficam, quase sempre passam de ajudados a ajudantes. Há sempre muitos trabalhadores e o
trabalho é imenso. O movimento é grande; o responsável pelo Posto fica só para atender as pessoas e os trabalhadores que têm problemas.


Principalmente os Postos dos Centros Espíritas estão sempre lotados. A maioria deles está localizada acima da construção material. Há sistema de defesa, porta ou portão, janelas com grades, enfermarias, sala de recepção, local de descanso para seus trabalhadores, às vezes, salas de música e pequenas bibliotecas.

Nair comentou comigo:


- Observe, Patrícia, que por onde passamos sempre há bons livros e muitos exemplares do Evangelho
e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.


- Não se instrui quem não quer! - Respondi.


- Vocês sabem quantos cristãos, ou que se dizem cristãos, têm uma religião e não conhecem o
Evangelho? - Ivo nos indagou.


- Devem ser muitos; não conhecem e nem seguem, a notar pelos muitos socorridos - respondi.


- É pena! - Exclamou Ivo. - O Evangelho não ser lido e vivido! Estávamos num Posto, todos
atarefados, quando escutamos Cida gritar. Levei tamanho susto, que fiquei parada por segundos, depois corri também. Cida estava na sala da frente, a de curativos. Frederico veio tão depressa que trombou com Flor Azul.


- Calma, Cida! Que houve? - Indagou Frederico.


- Entrou um homem aqui, roubou um esparadrapo e saiu correndo!


- Ufa! - Frederico exclamou aliviado.


- Acho que gritei à toa - disse Cida, sem graça.


- À toa e escandalosamente, Cida - disse D. Isaura carinhosamente. - Não precisava fazer a gritaria.


- Peço-lhes desculpas - disse Cida.


- O irmão que pegou o esparadrapo não passará pelo portão, só se o porteiro deixar. E muitas vezes
deixam. Ele entrou aqui querendo objetos para fazer um curativo, às vezes nele ou em companheiros. Pela Terra, ao redor dos Postos, estão sempre muitos irmãos a vagar, ficam a vampirizar os encarnados.


Muitos vampirizam alcoólatras e se metem em brigas, Às vezes, vêm aqui para fazer curativos, mas sabem que escutarão algumas verdades que incomodam, assim, preferem nos roubar - explicou atenciosamente um atendente do Posto, que finalizou bem-humorado. 

- Espero que o susto tenha passado.

- Vocês recebem muitos ataques? - Ivo perguntou.


- Não muitos. São mais ataques de irmãos querendo se divertir, mas como nossos raios elétricos são
fortes e lhes dão a impressão de morte, dificilmente nos atacam.


Como esse homem entrou aqui? - Luíza indagou curiosa. É conhecido do porteiro e nosso. Pediu ao
porteiro que fosse atendido, e ele o deixou entrar e também sair, sem problemas. Os que vagam, em sua
maioria, costumam nos pedir coisas, como remédios e alimentos, e é raro nos furtarem. Este, hoje, resolveu fazê-lo.


José de Arimatéia, o nosso distraído Zé, exclamou alto:


- Já sei por que usamos uniformes! É para não sermos confundidos com os demais birutas!


O susto passou, voltamos às tarefas. Já era noite alta quando regressamos ao Caridade e Luz para o
merecido descanso. Dois dias fizemos essas visitas e descansamos no abrigo. Foram muito proveitosas as
excursões. Gostei muito desses postos de auxílio entre os encarnados. São realmente de muita ajuda, onde a caridade é verdadeiramente aplicada.

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