segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Capítulo - 13 - Pedidos
A aula teórica foi pequena. D. Isaura nos explicou que estudaríamos os pedidos que encarnados e desencarnados fazem a santos, almas ou espíritos, a Jesus, a Nossa Senhora etc. São tantos os pedidos que nas Colônias há Departamentos onde eles são estudados e encaminhados a equipes que irão atendê-los.

- Esses pedidos são feitos ora com fé, ora querendo facilidades entre os encarnados - disse D. Isaura. 


- Alguns são atendidos na hora, outros dependem de algum tempo. Por exemplo: um homem ao se ver em perigo grita pela ajuda de Maria, mãe de Jesus; qualquer bom espírito por perto pode atendê-lo.

Quem proporciona essas graças são equipes de espíritos em nome de qualquer entidade. Isso não importa.

Honras a encarnados só importam a eles mesmos. A nós, trabalhadores do bem desencarnados, só importa o bem que fazemos.

- Fazer promessas é errado? - indagou Glória.


- Muitos fazem de boa-fé, mas já é tempo de se entender que não se podem trocar bens materiais por favores espirituais. É muito mesquinho: você faz isto, que faço aquilo. Pode-se pedir, mas sabendo que, se for atendido, não precisará dar nada em troca.


Bastará agradecer.

- O que é certo pedir? - Ivo perguntou.


- O mais certo é fazer por si mesmo. Mas pode-se pedir para melhorar, para ter paciência, ter forças,
sabedoria, para trocar vícios por virtudes. Isto é mais viável.


- Muitas pessoas fazem promessas - disse Joaquim.


- Minha mãe fez uma para eu cumprir, mas
desencarnei e não a realizei. Ela achou, por isso, que eu estava no inferno. Sofria e transmitia a mim sua agonia. O padre aconselhou que ela mesma cumprisse. Mamãe cumpriu e me deu sossego. Senti muito quando ela me imaginava no inferno.


- O não-cumprimento do que se prometeu incomoda a si mesmo. Conheço pessoas que desencarnam e
não têm sossego, ficam a vagar com aflição por não terem cumprido uma promessa. Outros não cumpriram e até se esqueceram; socorridos, ao lembrar, aprendem que esse fato não interfere no auxílio, quando desencarnam. Bons espíritos não cobram. É nosso costume cobrar de nós mesmos.


Mas, já que prometemos, trocamos favores, recebemos ajuda do outro, é honesto cumprir. Não se pode prometer algo para outro cumprir. Não somos responsáveis pelos pedidos e promessas de outros. Quando os terráqueos evoluírem mais, não haverá promessas.

- Há os que fazem promessas cujo cumprimento é a melhora interior? - Lauro perguntou.


- Bem poucos. Prometem muito e, às vezes, coisas muito difíceis de cumprir! Raramente fazem
promessa para melhorar, deixar um vício.


Na aula prática, fomos conhecer o Departamento de Pedidos. Não são iguais, variam muito de uma
Colônia para outra. Nas Colônias grandes, ou nas que ficam próximas de onde, no plano físico, há romarias, esses Departamentos são grandes. Na Colônia de São Sebastião está localizado dentro do prédio das Religiões. Tem quatro salas grandes. A primeira ocupa-se com pedidos de desencarnados.


Sem a roupagem física, pede-se bem menos. Não se fazem promessas, mas educa-se para a gratidão. Lá, nessa sala, chegam pedidos de desencarnados da Colônia e Postos de Socorro. São solicitações para mudar de trabalho, de moradia e, muitas, para ajudar entes queridos, desencarnados ou encarnados.

As outras três salas se destinam a atender pedidos de encarnados. Na primeira, são separados e
encaminhados para as duas outras, a fim de serem analisados; depois, voltam à sala de origem, para serem encaminhados aos socorristas ou aos espíritos que trabalham nesse Departamento, isto é, são separados os que poderão ser atendidos.


Não há muitos pedidos sem promessas, por isso a segunda sala é pequena; nela são analisados os
apelos conscientes, sem promessas. Muitos são atendidos. Essa sala é muito agradável, tem lindos quadros na parede.


Todo o Departamento é pintado de amarelo-claro e tem como enfeites muitos vasos de flores. A
terceira sala, bem grande e com várias mesas, é para os que pedem COM promessas. Os pedidos são ali
separados, e as mesas têm plaquinhas com nomes de Santos, de Jesus, de Almas. Os dirigidos à Virgem
Maria são numerosos. Depois fazem a separação em viáveis e inviáveis. Os considerados inviáveis não serão atendidos, como os casos de pedidos para chover ou não chover, para vitória de times esportivos, para ganhar em loteria etc. Os viáveis são os que podem ser atendidos, em parte ou totalmente. Nesse caso, os pedintes recebem a visita dos trabalhadores do Departamento, que depois dão seu parecer final. Se aprovados, os trabalhadores atendem, e a pessoa obtém a graça, aí resta o pedinte cumprir o prometido.


Tudo consta de fichas bem organizadas. Nelas há o nome de quem pede, o endereço e o que se
pretende. Quando a solicitação é feita, os do Departamento anotam. Por exemplo: se a pessoa pede em uma igreja, um trabalhador registra e leva o pedido para o local próprio. Mas há solicitações que vêm direto ao Departamento. O pensamento age à maneira de um telefone, como se o pedinte com fé assim se comunicasse.


Não é com todas as pessoas que ocorre esse fato, mas basta ter fé para que aconteça. Duvidar é cortar a ligação.


- Por isso é que muitos convocam as pessoas que consideram boas, que têm fé, para orar por eles -
disse Zé.


Em sua maioria, os pedidos têm origem em locais como igrejas, cemitérios, nos próprios lares etc.


São anotados e levados ao Departamento. E isso é feito não só pelos que lá trabalham, mas também por qualquer espírito do bem e, às vezes, são espíritos familiares ou trabalhadores de qualquer outro setor.


Nos cemitérios, os socorristas de lá mesmo é que tomam nota.

Estávamos curiosos e observando tudo, quando um orientador da casa nos disse gentilmente:


- Podem ler os pedidos, mas façam o favor de os colocar, depois, no mesmo lugar.


Admirei-me da quantidade. Peguei alguns que estavam como viáveis. Eram pedidos para largar de
fumar, para aceitar o filho que não conseguira amar. Ali estavam também anotadas sugestões para os
socorristas.


A ficha da mãe, pedindo à Nossa Senhora que a ajudasse a amar o filho, foi analisada, e viram que
mãe e filho foram inimigos no passado e que, nesta encarnação, estavam juntos para se reconciliar. A ajuda consistia em conversar com ela, enquanto o corpo dormia, e fazê-la entender a necessidade de aceitar o filho.


Envolvê-la em pensamentos diários ’durante seis meses, incentivando-a ao perdão e ao carinho.


- Dará certo? - Indaguei a um trabalhador, mostrando a ficha.


- Creio que sim. Dependerá de que ela aceite nossas orientações - respondeu gentilmente.


Pede-se muito, e a pilha de solicitações inviáveis era grande. Peguei algumas para ler. Numa delas,
uma senhora rogava às almas do purgatório ajuda para que o marido não descobrisse que ela o traíra; rezaria três terços no cemitério.


Em outra, um rapaz pedia a Santo Antônio que o ajudasse a se casar com uma moça rica e bonita; iria
à missa uma vez por mês durante toda a vida.


Certa moça suplicava à Virgem Maria que a livrasse de estar grávida, era solteira.


Alguns, inviáveis, eram insistentes com pedidos a vários santos de uma vez e com promessas
incríveis.


O orientador do Departamento gentilmente nos esclareceu:


- Respeitamos todas as formas ”de crenças e todos os pedidos. Se aqui chegaram é porque foram
feitos com fé, embora saibamos que muitos não têm base em fé raciocinada. Respeitamos mesmo os pedidos para encobrir erros, como este que pede à Nossa Senhora Aparecida proteção para não ser preso enquanto rouba. Nele, há mais ignorância do que maldade.


Marcela leu alto as palavras de um traficante que pedia proteção para não ser descoberto e, preso.


Prometia dar uma grande quantia em esmolas para os pobres. O orientador elucidou-nos:


- Todas as vezes que esse solicitante está para receber um carregamento de tóxicos, faz promessa
semelhante.


Não o ajudamos, não podemos auxiliá-lo como deseja, e os acontecimentos ficam à revelia. Há algum tempo promete e, porque não foi preso, paga a promessa. Já tentamos ajudá-lo, incentivando-o a mudar a forma de viver, a deixar de traficar. Mas, infelizmente, não é isso que quer, pois gosta do que faz.


Após analisar tudo, saímos com um grupo de socorristas que ia atender algumas solicitações.


O primeiro caso era o de um senhor, pedindo que sarasse. Estava no hospital, tinha câncer em estado
adiantado. Não obteria a cura do corpo, seu pedido não seria atendido, mas o auxiliariam de outra forma. Os socorristas iriam assisti-lo e incentivá-lo a ter bons pensamentos e a resignar-se. A equipe o visitaria todos os dias, até que desencarnasse. Sentiu ele nossa presença e recebeu os fluidos doados, ficou calmo e adormeceu.


Uma outra súplica nos comoveu. Uma menina de oito anos, órfã de mãe, desejava a genitora de volta.


- Mas isso não é inviável? - Indagou Glória.


- O pedido, sim - respondeu Frederico -, mas não a ajuda. Os socorristas também irão, por um
determinado tempo, visitá-la todos os dias, consolando-a e ajudando-a a aceitar a desencarnação da mãe.


Já outra senhora queria ajuda, porque se sentia mal, com falta de ar. A seu lado estava um
desencarnado a vampirizá-la. Os socorristas fizeram-se visíveis a ele, conversaram e o convenceram a ir para um Posto de Socorro.


Depois fomos ver como se anotam as fichas. Era em uma igreja. Naquela hora da tarde, estava quase
vazia. Só um trabalhador do bem ali se encontrava.


Aproximamo-nos de uma senhora que orava com fé, aos pés do altar do Coração de Jesus. O trabalhador do bem anotava seu pedido, enquanto ela orava. 

Queria que o filho fosse aprovado na escola.

- Essa senhora será atendida? - Perguntou Ivo ao trabalhador.


- Os trabalhadores do Departamento podem ir até o filho e incentivá-lo a estudar. Às vezes, pode estar
com algum problema de saúde ou com algum desencarnado atrapalhando. Nesse caso, aconselha-se à mãe, em forma de intuição, a procurar um médico ou um Centro Espírita. Sabendo a causa, podem os trabalhadores achar uma solução. Mas, se for preguiça, só pode ser incentivado. Ninguém irá fazer o que lhe compete: estudar.


Depois fomos a um lugar de romaria. Ali, muitas pessoas pagavam promessas ou pediam graças. As
súplicas eram diversas: desejavam obter facilidades, riquezas. Algumas eram comoventes, pediam saúde,
melhora de caráter.


Estas últimas, aliás, geralmente eram feitas para outras pessoas, como a esposa que desejava que o
companheiro largasse a bebida, e o filho, o tóxico.


Em lugares de romarias há equipes grandes de trabalhadores. Os pedidos são encaminhados
normalmente ao Departamento de uma Colônia. Se o local é muito freqüentado, o Departamento fica ali mesmo, como em Aparecida do Norte. Uma equipe grande trabalha ali, onde os pedidos são anotados e levados, depois, para as salas construídas no plano astral, como continuação da construção material.


- Lugares de romaria são atacados pelos irmãos do Umbral?


- Perguntou Cida.


- Sim, por isso os trabalhadores são também guardas, e o local está equipado com raios elétricos – respondeu Raimundo.


- Que acontece se o raio atingir um encarnado? 


- Joaquim perguntou.

- Nada, somente atinge os desencarnados - continuou a elucidar Raimundo. - Os trabalhadores do local estão aptos a lidar com esses raios, e não acontecem contratempos.


Porque muitas pessoas vêm de longe, de diversas partes do Brasil, os socorristas vão, depois, a seus
lares. Todos os pedidos recebem respostas.


Vimos um senhor pedir que ganhasse um carro na rifa. Os trabalhadores não iam interferir no sorteio.


Mas, sim, incentivá-lo a pensar mais na parte espiritual.


Em épocas de grandes romarias, o local recebe ajudantes extras. É comovente ficar ali escutando as
súplicas. Há tantas pessoas com fé!


Não trabalhamos durante o estudo que fizemos, só observamos.


Voltamos à Colônia. A aula de conclusão, como sempre, serviu para tirar dúvidas. Joaquim foi o
primeiro a perguntar:


- Como é feita a ajuda de pedidos que envolvem tempo, como a de um senhor que pediu proteção ao
neto que acabava de nascer?


Frederico é que respondeu:


- Isto é inviável. O recém-nascido não terá proteção especial por causa da solicitação. Ajuda, em
todos os momentos, todos nós temos. Mas um pedido de outra senhora que reza a vida toda para ter uma boa morte, ou desencarnação, aí sim, quando chegar a hora, terá assistência. Se for boa, terá um socorro mais profundo, se não, só assistência para desligá-la e lhe dar as primeiras orientações.


- Uma senhora pediu com fé a Nossa Senhora que ajudasse o esposo desencarnado. Como é feita a
ajuda? - Indagou Rosália.


- Os socorristas podem pesquisar e saber onde o esposo está. Se está bem, nada será feito. Se está
sofrendo, analisam o caso. Pode ser que não queira ajuda no momento, assim, não será auxiliado, e o pedido não poderá ser atendido. Mas, se sofre e quer o socorro, receberá ajuda.


- Vimos uma senhora que faz promessas demais, por qualquer coisa. Que acontecerá com ela? - Ivo
perguntou.


- Age erradamente; já tentaram instruí-la, orientá-la para que mude. Os pedidos de acontecimentos do
dia-a-dia seguem seu curso. Os trabalhadores não podem perder tempo com isso. Vamos desejar que ela mude, mas, se não o fizer, nada acontecerá a ela.


Vimos que não age de má-fé.

- Pede-se muito para chover ou não chover - disse Ilda são todos inviáveis?


- Sim, todos.


- Impressionei-me com uma senhora que rogava para morrer, para desencarnar - disse Lauro.


- A solicitação é inviável, mas ela receberá ajuda.


Vão incentivá-la a querer viver encarnada, vão
tentar que alguém, encarnado, converse com ela e a ajude. Não desencarnará fora de hora. Não se pode
ajudar ninguém a desencarnar assim.


Num caso de perigo, o pedido passa pelo Departamento?


- Perguntou Cida.


- Não, os bons espíritos que estão por perto tentam ajudar no que for possível.


- E se não houver ninguém por perto? - Cida perguntou novamente.


- As palavras ficam no ar, e podem ser captadas pelos espíritos bons num raio de quilômetros. Pode o pedido ir ao Departamento em questão de segundos e o pessoal de lá avisar uma equipe que esteja trabalhando na Terra.


Volitando rápido, o socorro acontece imediatamente.


- Só as súplicas feitas com fé vão para o Departamento, não é? - Indagou Terezinha.


- Sim. Vocês nem imaginam o quanto se pede. Mas as que são feitas sem fé não chegam ao
Departamento.


- Se alguém fizer promessa e o pedido não for para o Departamento, mas acontecer de dar certo; a
pessoa tem que cumprir a promessa? - James indagou.


- Quem fez a promessa não irá saber desse detalhe. 


Promessa não cumprida incomoda a si mesmo.

Promessas de pedidos que o pessoal do Departamento atende, em nome de Jesus, de Maria, de santos etc., não interessa se foram cumpridas ou não. Para os trabalhadores basta fazer o bem, realizar um bom trabalho.


- Há espíritos que cobram promessas? - Marcela indagou.


- Existem promessas feitas em terreiros, a determinados espíritos, a almas do ”Purgatório”. Os que atendem são espíritos ainda não esclarecidos.


Prestam ajuda como podem, mas querem receber o pagamento e costumam cobrar.

As perguntas terminaram e Frederico encerrou com estas palavras:


- Quando a Terra evoluir, cessará essa troca de favores. Pedidos serão como uma ajuda para se
melhorar. Porém, aprendemos desde já que cada um deverá fazer por si o que lhe cabe.

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