segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Capítulo 18 - A Palestra E A Feira Do Livro Espírita
Alegrei-me imensamente quando fomos ao Centro Espírita em que meu pai trabalha. Rever os amigos
fez bem ao meu coração. A reunião começou, e grande era o número tanto de encarnados como de desencarnados que estavam atentos à palestra da noite, para ouvir meu pai. 


Como sempre faz, fala claro e com voz agradável:

- Se queremos nos aproximar de Deus, temos que investigar para conhecermos um pouco da sua
maneira de ser.


”As atividades humanas têm, no desejo de aquisição, o elemento que as sustenta. Em conseqüência disso, somos todos egoístas, chegando a atingir os planos mentais ou psíquicos.”


”Nossos irmãos inconscientes ou semiconscientes, quando buscam a preservação do indivíduo, não
ultrapassam o necessário para sua sobrevivência e realização de suas funções. Nessas ditas manifestações, podemos ver Deus criador agir sem interferência na liberdade do indivíduo, coisa que não acontece no âmbito do ser humano. Ora, se quero me relacionar bem com um indivíduo, tenho que conhecê-lo, gostar das mesmas coisas que ele, amar aquilo que é seu e, se possível, pensar como ele.”


”Por que as flores são belas e perfumadas?


 Interrogação interessante que nos leva a meditar e,
meditando, chegamos à intuição. Para a personalidade, tudo tem um motivo; todo caminho ou toda ação tem como princípio um fim. Não concebemos agir sem um fim pessoal, Vivemos presos à atividade da mente, arquivo do passado coletivo e particular, por isso não percebemos que a ação cósmica não tem necessidade de chegar a lugar, ganho, ou fim nenhum.”


”Muitos dirão que as flores são belas e perfumadas porque Deus quis embelezar e perfumar o
ambiente e a vida dos homens. Que pretensão! A beleza, a pureza e o perfume da inocente flor enfeitam a existência também do revoltado, do gozador, do egoísta, do desumano que é capaz de se opor ao Criador, que o sustenta em todas as suas necessidades. Ademais, para o Pai, que realmente ama, aspectos externos não alteram a sua maneira de amar. Ele ama todas as suas manifestações, porque elas fazem parte Dele.


Na verdade é Ele mesmo, pois fora Dele nada existe.

Não, não foi por causa do homem que Deus criou as
flores.”


”Para elas, por que motivo existe, então, tanto perfume e beleza? Nenhum. São o que são, pela sua
própria natureza interior, não importa que a vejam ou não. Que estejam num jardim entre os homens ou na mata onde ninguém as veja. Não importa onde nascem, serão sempre a manifestação de agradável beleza.”


”Da mesma forma devem ser os homens, só que com uma diferença, o que a flor é por inocência,
deve ser o homem por sapiência. Tem o homem liberdade para ser a mais bela manifestação do Eterno.


Muitos são contra, e é o que com a maioria acontece. Outros, livres e conscientes da Divindade, se integram a Ele, passando a refletir o Eterno, saturando a Terra de luz, beleza, perfume e, acima de tudo, do amor incondicional que tudo envolve no seu carinho protetor.”


”E as violetas? Teriam elas inveja das rosas ou desejariam um dia vir a ser rosas? Não! As violetas
estão felizes em ser o que são; felizes por serem manifestações do Criador, sem pretender nenhuma justiça por parte Daquele que tudo é, pois tudo que elas são a Ele pertence, e delas mesmo nada possuem.”


”O homem bom deve ser bom, porque esta é a sua natureza, e não para receber prêmios e louvores.


Não importa se os outros verão ou não a sua bondade. Deve ser como as flores, que não escolhem lugar nem pedem reconhecimento para ser o que de fato são.”


”Devemos imitar as flores, cuja alegria e felicidade está na atitude permanente de refletir o belo, o
perfumado, o imponderável. O nosso paraíso não está no além, nem no aquém, está dentro de nós mesmos.”


- Que bonita palestra! - Exclamou Ivo.


- Deve se orgulhar do seu pai, hein, Patrícia? 


- Disse sorrindo James.

Somente sorri. Sim, sentia-me feliz e encabulada com os elogios dos companheiros à bonita palestra
de meu pai.


No final, uma chuva fina de fluidos salutares encheu o ambiente, saturando-nos de energias. Chorei
de emoção, amo meus pais, e vê-los estudando, trabalhando no bem, alegra-me muito. Saber que estão em comunhão com o Pai é felicidade para mim. A reunião acabou com grande proveito. Ficamos ali por momentos a conversar. Maurício me abraçou carinhosamente:


- E então, como vai minha menina?


- Encantada com o curso - respondi.


Voltamos à Colônia onde passamos algumas horas livres. Aproveitei para escrever o que ouvi, o que
aprendi no curso, e para ler um pouquinho.


Na manhã seguinte, fomos visitar diversas bancas do livro espírita e livrarias espíritas. Que gostoso!


Estar entre livros bons é sempre prazeroso.


- As bancas e livrarias espíritas são guardadas vinte e quatro horas por dia - explicou Raimundo. 


- Quando o livro espírita começou a sobressair, a educar e a ensinar, as trevas começaram a atacar. 

Assim, tivemos que nos defender. O trabalhador ou trabalhadores não só exercem a função de vigia, mas orientam, pela intuição, vendedores e compradores, limpam o ambiente.

- Se receber um ataque de uma falange, de um grupo grande, o que o trabalhador faz? - Indagou
Lauro.


- Quase sempre - respondeu Raimundo - esses ataques são previstos, e equipes que trabalham em
Centros Espíritas vêm para cá. Se não foi possível saber antes, ao ser cercado, o trabalhador aciona um alarme e em segundos recebe ajuda.


- Eles são os anjos dos livros - disse Zé, bem-humorado. Dali fomos visitar uma Feira do Livro
Espírita. Se encarnados trabalham para organizá-las, o trabalho dos desencarnados não é pouco. Um
orientador desencarnado veio nos receber gentilmente.


- Fiquem à vontade.


- Como é o trabalho de vocês? - Indagou Luís.


O orientador nos esclareceu bondosamente. É um espírito de uma simpatia sem limite. Conhecido
entre os encarnados e os desencarnados, gosta muito da boa literatura. Infelizmente não nos é possível dizer seu nome, porque, como ele disse, seu trabalho é temporário. Logo o deixará, para fazer outro.


Estamos contentes com o que fazemos, somos um grupo de cinqüenta espíritos. Coordenamos as
Feiras por todo o Brasil. Quando começa a organização de uma Feira, temos um grupo menor que vai até os encarnados, para ajudá-los a formar as bases e protegê-los. Quando começam a montar a barraca, ficamos ajudando. Como os encarnados fazem rodízio, agimos assim também.


- Qual é a função de vocês junto à Feira? 


- Perguntou Glória.

- Primeiramente, guardar, proteger de ataques de irmãos que se incomodam com a luz que sempre
traz o ensino cristão. Aqui estamos para orientar, dar passes, purificar o ambiente, ajudar os desencarnados que vêm acompanhando os encarnados, e aqueles que vêm em busca de auxílio.


- Se duas ou mais Feiras acontecerem na mesma época, que fazem? - Indagou Luíza.


- A equipe de cinqüenta é grande, e assim somos para podermos nos repartir. Mas, se houver
necessidade, a Colônia Casa do Escritor, cujos habitantes trabalham em prol da boa literatura, nos envia mais ajudantes. As Feiras estão crescendo e esperamos que no futuro todas as cidades as tenham.


- E em época que não há Feira nenhuma? - Indagou Zé.


- Não ficamos à toa, estamos sempre ajudando pessoas que de alguma forma lidam com jornais
espíritas e suas editoras, e incentivando pessoas a ler etc.


- Que trabalho bonito! - Exclamei.


- Todos os trabalhadores que estão aqui fazem parte da equipe? - Rosália perguntou.


- Não, temos a equipe da cidade que nos ajuda, que vem se unir a nós numa tarefa coletiva e
agradável. Em cada cidade em que acontece a Feira do Livro Espírita, os trabalhadores do local se organizam para um trabalho extra de ajuda aos encarnados.


- Também fazem plantão? - Indagou Ilda.


- Sim, para que todos participem e também porque muitos entre nós têm outros trabalhos junto à
literatura espírita.


Olhamos os livros, encantados.


- Os encarnados que desejarem dispõem de lindas obras que orientam, consolam e esclarecem - falou
D. Isaura. Ficamos horas observando. Ora os trabalhadores intuíam os vendedores, ora auxiliavam os
compradores e os visitantes. Muitos desencarnados lá iam, ora acompanhando o encarnado, ora curiosos.


Como o plantonista encarnado se dirige ao visitante, o trabalhador se dirige educadamente ao desencarnado,
e um diálogo acontece; quase sempre o desencarnado é levado para um socorro ou para um dos Centros
Espíritas da cidade para orientação.


Vista de longe, a Feira é um ponto luminoso, para onde os sofredores vão em busca de auxílio.


- Já tivemos uma forma estranha de ataque - disse-nos um trabalhador. - Os moradores do Umbral
reuniram um grande grupo de espíritos que por lá vagavam, sofriam, e os trouxeram até nós, esperando que
bagunçassem o local. Mas, ao ver a luz que emite a Feira, caíram de joelhos a clamar socorro. O orientador
lhes dirigiu a palavra, explicando-lhes sua situação de desencarnados e carentes de ajuda, orou com eles.


Foram todos socorridos sem problemas. Desde então não fizeram mais este tipo de afronta.


Vimos um grupo pequeno de irmãos do Umbral observando a Feira de longe.


- Que farão, se eles se aproximarem? - Indagou Cida ao orientador.


- Vamos conversar com eles, sempre recebemos bem qualquer visitante. Se nos atacarem, os lançaraios
funcionarão; se o ataque é em maior número, imediatamente os trabalhadores do bem, da cidade, vêm
em nosso auxílio e a barraca é cercada por milhares de auxiliares.
- Muito interessante! - Disse Marcela. - Há muitos ataques?


- Nas primeiras Feiras houve mais. Agora quase não tem havido. Estão preferindo desanimar os
organizadores
encarnados. Mas o espírita é teimoso e, quando se trata de fazer o bem, de realizar a Feira, muitos
resistem firmes com nosso incentivo.


Se encarnados gostam da Feira, os desencarnados que trabalham gostam mais. Ali reinam a alegria e
o carinho.
Quantos auxílios e ajudas são prestados numa Feira! 


E o mais importante: quantos livros bons
circulando e ensinando! Voltamos entusiasmados; a aula de conclusão foi só de conversas. Todos nós
adoramos visitar os Centros Espíritas, as livrarias, as bancas e, principalmente, a Feira do Livro Espírita
.

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